Judas Priest​ - "Firepower" (2018)

Epic Records

Mundo Metal [ Lançamento ]



E eis que 4 anos após "Redeemer Of Souls", aqui estou eu novamente escrevendo uma resenha sobre um álbum novo do Judas Priest. Me lembro bem o que aconteceu naquela época e, por isso, é muito gratificante poder analisar "Firepower" com a consciência 100% limpa. Voltando um pouco, às vésperas do lançamento em 2014, a minha ansiedade era muito parecida com a que eu sentia há alguns dias atrás (já em 2018), a grande diferença é que "Redeemer Of Souls", diferente de "Firepower," infelizmente não supriu as minhas expectativas e, apesar de não ser um trabalho de todo ruim, fui coerente com meu sentimento de decepção e fiz severas críticas ao registro. Não é fácil apontar defeitos em um disco gravado por uma banda ao qual você admira desde a adolescência, porém jamais entregaria uma análise que não fizesse jus ao que eu realmente senti quando fiz as audições. Não me arrependo. Para os haters que me xingaram na época, proponho o seguinte, compararem "Redeemer" com o novo trabalho e falhem miseravelmente ao tentar manter as suas argumentações pífias do passado...

Sem mais delongas, vamos ao que interessa!

É bom que se diga logo de início, até por que acredito que este seja o principal fator que garantiu ao Judas Priest um álbum com tamanha qualidade. A escolha de Andy Sneap para fazer a produção de "Firepower" foi mais do que um acerto, foi um tremendo tiro certeiro e direto ao alvo. Há bastante tempo que Andy vem realizando ótimos trabalhos com bandas veteranas de Heavy Metal e o cara parece saber direcionar como ninguém e conseguir extrair aquele gás a mais dos velhinhos (Accept e Saxon que o digam).

Todo o contexto dramático que envolveu a composição do disco parece ter contribuído também para um resultado favorável. Pelo que foi noticiado pelos próprios integrantes, Glenn Tipton precisou se superar a cada dia para conseguir gravar todas as faixas e, querendo ou não, acredito que todos sabiam que este poderia ser o último registro de uma das grandes lendas do Metal mundial. Todo esse esforço jamais poderia ser em vão e o álbum precisava ser digno de toda a grandeza do Priest.


Nós, os reles mortais que apenas aguardávamos ansiosamente e nem sonhávamos com nada disso que acontecia nos bastidores, começamos a ter o vislumbre de que uma grande obra nasceria quando as faixas de abertura do trabalho foram disponibilizadas para audição. Primeiro a impactante "Lightning Strike" e depois a furiosa "Firepower", ambas com uma pegada tão contundente que causou até o estranhamento de alguns incrédulos. A grande verdade é que essas duas músicas foram capazes de realizar um fenômeno interessante, pois até os headbangers que vinham demonstrando descontentamento com os últimos discos do grupo, voltaram as suas atenções para a chegada de "Firepower". 

Se a expectativa já era grande, obviamente ficou maior ainda. O medo de que o álbum decepcionasse era um sentimento que chegava a incomodar, mas os deuses do Metal não permitiriam que tamanha injustiça acontecesse e, justo no disco que, provavelmente, promete ser o último da carreira da banda, seria um pecado que apresentassem algo diferente do que o Judas senso Judas com maestria e toques de brilhantismo.


Toda a comoção gerada às vésperas do lançamento pode ser justificada após a audição, e que audição meus amigos. A sequência inicial é simplesmente arrasadora! 

As já mencionadas "Firepower" e "Lightning Strike" abrem o registro empolgando, mas somente quando se inicia "Evil Never Dies" é que começamos a ter a verdadeira noção do que estaria por vir. Aquele riff classudo calcado no mítico "British Steel" invade os falantes e a nostalgia é imediata, mas além do refrão imponente e dos solos inspirados da dupla Tipton/Faulkner, é Halford quem emociona na segunda metade da faixa. Com uma performance digna dos grandes clássicos 'priestinianos', o Metal God desfere agudos como nos bons tempos e é humanamente impossível terminar este som sem estar gritando: "evil! never dies!".

A próxima é mais uma das que foram previamente disponibilizadas: "Never The Heroes". E para aqueles que não viram nada de excepcional na composição, ela se encaixa perfeitamente na sequência do disco e é dona de um dos refrões mais bonitos do quinteto em muito tempo. Em "Necromancer" temos aquele Heavy Metal direto, reto e sem frescuras, daqueles que empolgam logo na primeira audição. Já em "Children Of The Sun" e "Rising From Ruins", a cadência dita o ritmo e mais uma vez, somos surpreendidos por belíssimas construções e um feeling absurdo.



Passando um pouco da metade da audição, a energética "Flame Thrower" traz um toque de modernidade e lembra a todos que o Judas Priest nunca foi uma banda datada ou limitada a determinada sonoridade. "Spectre" se destaca pelo impecável trabalho de guitarras e, principalmente, pelos solos fabulosos (talvez os melhores do registro). Quando o dedilhado que marca o início de "Traitors Gate" começa, nem o mais otimista dos fãs poderia imaginar a explosão de riffs que viria a seguir. Coisa linda! Aqui temos sem dúvidas, uma das melhores músicas do Judas desde "Painkiller" (Senão a melhor!). Nesta faixa, ainda devo destacar a perfeição que é o trabalho da parte rítmica formada pelo baterista Scott Travis e o baixista Ian Hill, pois ambos contribuem e muito para esse resultado final desconcertante e primoroso.

A parte final de "Firepower" ainda rende algumas boas surpresas, já que "Never Surrender" é um convite imediato a adentrar numa máquina do tempo e descer lá por volta de 1982, onde a banda flertava com o Hard Rock de maneira incrível. Esta canção poderia facilmente estar em "Screaming For Vengeance" ou "Defenders Of The Faith". O encerramento acontece com "Lone Wolf" e "Sea Of Red", na primeira, uma composição mais moderna que poderia entrar facilmente em algum álbum solo de Halford ou até mesmo no aclamado "War Of Words" do Fight, já a segunda, é uma linda balada repleta de sentimento que com certeza arrancará lágrimas dos mais emotivos.


Em suma, temos finalmente um registro digno das grandes obras do Judas Priest e, mais do que isso, um álbum que dificilmente ficará de fora das listas de melhores do ano. "Firepower" não decepciona em hora alguma e sua principal diferença em relação ao trabalho anterior, é que mesmo nas faixas onde não se vê todo aquele brilhantismo costumeiro, ainda assim consegue manter o ouvinte preso a audição. Se na minha análise de "Redeemer Of Souls", eu fui duro com as palavras e ressaltei uma série de detalhes que me impediam de dar uma grande nota ao disco, nesta resenha temos a redenção de uma lenda do Heavy Metal. Me sinto absolutamente satisfeito com o resultado final e totalmente à vontade para finalizar o texto com o mítico chavão: THE PRIEST IS BACK! 

Audição obrigatória!

Nota: 9
*Nota do site The Metal Club: 8.89

Integrantes:

Rob Halford (vocal)
Glenn Tipton (guitarra)
Richie Faulkner (guitarra)
Ian Hill (baixo)
Scott Travis (bateria)

Faixas:

01. Firepower
02. Lightning Strike
03. Evil Never Dies
04. Never The Heroes
05. Necromancer
06. Children of the Sun
07. Guardians
08. Rising From Ruins
09. Flame Thrower
10. Spectre
11. Traitors Gate
12. No Surrender
13. Lone Wolf
14. Sea of Red

 Redigido por Fabio Reis

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