M.O.D. - "Busted, Broke & American" (2017)

Megaforce Records

Mundo Metal [ Lançamentos ]



Para os mais velhos, deve parecer que foi ontem, mas já faz 30 anos que "U.S.A for M.O.D." (1987), o clássico álbum de estreia do Method of Destruction - ou simplesmente M.O.D., para os íntimos - foi concebido. Sempre que pensamos em uma banda veterana, é inevitável refletirmos sobre seu passado glorioso e seus registros mais emblemáticos e influentes. Se tratando de nomes importantes do Crossover Thrash, ainda que a grande maioria dos apreciadores do estilo lembrem muito mais do Stormtroopers of Death (S.O.D.) e seu lendário disco "Speak English or Die" (1985), o M.O.D. foi o responsável pelo surgimento de obras igualmente importantíssimas para o gênero. Além do já mencionado debut, podemos citar facilmente o divertidíssimo EP "Surfin' M.O.D." (1988) e o segundo álbum da banda "Gross Misconduct" (1989). 

Capitaneado pelo mesmo frontman do S.O.D., o "gordinho invocado" e carismático Billy "Mosh" Milano, "Busted, Broke & American" é o oitavo álbum de estúdio do grupo estadunidense. Lançado em 7 de julho, através da lendária Megaforce Records, o mais recente trabalho da banda traz uma direção bem diferente de seus materiais antigos e mais aclamados. E é isso é ruim? Não, muito pelo contrário. A faixa encarregada de abrir o disco é "Eisenhower Was Right", que nada mais é que aquela típica introdução que prepara o ouvinte para o que está por vir. Ela traz um discurso do presidente Eisenhower tecendo uma crítica ao complexo militar-industrial e se encerra com um discurso do presidente Kennedy alertando sobre sociedades secretas e fechadas. 

Logo após a introdução terminar, os alto-falantes são atacados selvagemente pela primeira música do álbum, a excruciante "The Final Declaration". De cara, o ouvinte percebe que a pegada desse novo registro é o Hardcore novaiorquino - o tão amado N.Y.H.C. Aliás, essa primeira música já demonstra fortes influências de gigantes desse cenário, como Agnostic Front e Madball. Riffs poderosos, uma "cozinha" de bateria e baixo robusta e altamente energética, além de um refrão memorável e forte como uma rocha são os ingredientes dessa receita. Billy Milano sempre causou muita polêmica tanto no S.O.D. como no M.O.D. graças as suas letras repletas de ofensas a tudo e a todos. Ao ouvirmos esse trabalho, é perceptível que a raiva do vocalista agora está mais direcionada ao governo americano, na economia e na sociedade, com menções recorrentes à respeito da pobreza e sonhos quebrados. Milano pode não ser mais um jovem garoto, entretanto ainda consegue chutar muitos traseiros e composições como essa são a prova cabal disso. Uma tremenda música de abertura e um dos grandes destaques aqui presentes!

Dando sequência ao álbum, "You're a Fucking Dick" é uma fusão do velho M.O.D. com esse andamento Hardcore mais pungente. Ela começa com arranjos instigantes e novamente temos outro som bem intenso e animado, perfeito para um slam dance. Por sua vez, a faixa título "Busted, Broke & American" possui uma letra que promove uma árdua crítica a economia americana e até mesma a "cultura do café" tão comum na terra do Tio Sam. O verso "You're a frappuccino fucking asshole" deixa isso bem evidente. A faixa se inicia de forma vagarosa, com Billy cantando linhas sutilmente melódicas. Subitamente, a canção cresce e toma sua forma explosiva, como um hino imponente, muito encorpado e estonteante. Há alternâncias de ritmo e andamento bem cativantes e que certamente proporcionam muita diversão. Outro destaque do trabalho.


O álbum prossegue com "Fight", uma música mais agressiva, mas que não abandona os versos mais melódicos e notáveis. Uma faixa impetuosa e que também é memorável graças a sua execução como um todo. Enquanto isso, "Holligan" já ecoa pelos alto-falantes com sua vibração totalmente Hardcore e recheada de muita energia. Tiro certeiro para cair no moshpit sem medo de ser feliz. Mais voraz e frenética, "Billy Be Damned" é a sétima faixa e é uma das mais violentas do trabalho. Há um momento próximo ao fim da composição onde o baixo se destaca bastante e temos uma quebra de andamento que descamba em um breakdown muito eficiente e acentuado. Caso essa música seja tocada ao vivo, será no mínimo interessante. 

Novamente abordando sonhos arruinados, "Shattered Dreams & Broken Glass" pode ser resumida com duas palavras: energia pura! Coros polifônicos de primeira, "cozinha" arrasadora, riffs diretos... ou seja, tudo perfeito! Um som que reúne todos os melhores elementos que uma música do estilo deve ter e irrefutavelmente, um dos grandes destaques do play. "They", a nona faixa, mantém o mesmo nível das anteriores, contando com guitarras espetaculosas, viscerais e cheias de vida, versos memoráveis e tudo mais.

Cadenciada e dinâmica, a curta instrumental "All Out" vem a seguir e funciona como uma espécie de introdução para a faixa seguinte, "Go Go Revolution", a matadora última música do álbum. Após um eficiente "One, two, three, four!", somos novamente assaltados por um andamento veloz e muito expressivo, contudo, as variações rítmicas jamais cessam e não faltam versos marcantes e coros polifônicos encaixados de maneira brilhante. Outro grande destaque da obra. O final da canção também merece ser mencionado, com dedilhados dando um aspecto mais melódico e alegre a composição, em especial nos últimos segundos. Foi uma boa sacada finalizar a canção dessa forma. Como já bem entrega o seu título, "Kennedy Speaks", a última faixa do registro, é mais um discurso do presidente Kennedy. Pessoalmente, creio que tenha sido um tanto desnecessário encerrar o trabalho com um discurso de pouco mais de cinco minutos de duração, ainda que não seja algo que prejudique significantemente a qualidade do disco em si. 


"Busted, Broke & American" pode não ser uma obra essencial para os fãs de Hardcore/Crossover, mas sem dúvidas é um material bem interessante, portentoso e que merece diversas audições. Aliás, a cada audição ele parece soar mais agradável e viciante, pelo menos sob o ponto de vista de quem vos escreve. Não há músicas ruins aqui. Todas possuem sua importância e como mencionei acima, certamente farão a festa dos moshers e stage divers de plantão. Reza a lenda que Billy Milano se aposentará. Se for realmente verdade, ao menos o vocalista encerrará sua carreira de forma bastante positiva, saindo pela porta da frente e não pela dos fundos. 

Nota: 8

Formação:

Billy "Mosh" Milano (vocal)
Tim "Tank" Casterline (baixo)
Ben Drinkin (guitarra)
Jason Kottwitz (guitarra)

Músicos convidados:
Michael Arellano (bateria)
Mike DeLeon (guitarra)

Faixas:

1. Eisenhower Was Right 
2. The Final Declaration 
3. You're a Fucking Dick 
4. Busted, Broke & American 
5. Fight 
6. Hooligan 
7. Billy Be Damned 
8. Shattered Dreams & Broken Glass 
9. They 
10. All Out of Bubblegum 
11. Go Go Revolution 
12. Kennedy Speaks

Redigido por David "Fanfarrão" Torres

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