Municipal Waste - "Slime and Punishment" (2017)

Nuclear Blast

Mundo Metal  [ Lançamento ]



Municipal Waste têm sido uma das principais forças motrizes da cena Thrash há quase duas décadas, ao ponto de terem ajudado a desencadear o revival de um gênero que quase ninguém se preocupou em revigorar se tornado um dos ícones do estilo por direito próprio, com sua sonoridade firmemente enraizada nos dias de glória do Crossover/Thrash oitentista.

Foram cinco longos anos de espera desde "The Fatal Feast" (2012) até então ultimo álbum de estúdio da banda. 
Com seus membros ocupados em vários projetos, como Iron Reagan e Cannabis Corpse o quinteto de Richmond finalmente lança "Slime and Punishment" sexto álbum da banda, sendo esse o primeiro registro acrescido do guitarrista Nick Poulos, que também integra as bandas Bat e Volture, juntamente com Ryan Waste. 

Ao adicionar mais uma guitarra à mistura, alguns fãs podem estar preocupados, mas estou aqui para aliviar suas mentes ansiosas, e afirmo categoricamente, os caras não abriram mão de suas influências centrais, as quais permitiram com que a banda permanecesse entrincheirada em uma sonoridade impetuosa e intransigente. 
Por conta dessa adição, o som que entra em erupção neste novo registro é muito mais orgânico do que em trabalhos anteriores ampliando a dinâmica da banda, os riffs são mais rápidos e pesados do que nunca antes, definitivamente uma mudança para melhor.

Considerando o inegável status do Municipal Waste como uma das bandas mais emblemáticas do Thrash contemporâneo, este álbum atrairá certamente uma atenção considerável dos fãs do estilo e com isso em mente, vamos começar:

Arte da capa mais uma vez ficou a cargo do ilustrador bielorrusso radicado nos EUA, Andrei Bouzikov, responsável pela arte dos quatro trabalhos anteriores da banda. 
A presença enérgica e fisicamente intimidante de sua música é auxiliada por uma produção dinâmica, com cada instrumento bem delineado e bem disposto na mistura, sem sacrificar a homogeneidade ou a força de seu ataque geral, tão boa quanto se pode esperar de um registro Thrash.
"Slime And Punishment" foi produzido pelo baixista Phil "Landphil" Hal, gravado no Blaze Of Torment Studios, mixado e masterizado por Bill Metoyer (Slayer, D.R.I., Flotsam & Jetsam e Dark Angel).


Assinalando menos de meia hora de duração e contendo 14 canções, "Slime and Punishment" apresenta uma sonoridade tão letal e implacável quanto uma pílula de cianeto inserida goela abaixo acompanhada de uma dose de vodca russa caseira, movendo-se a velocidades vertiginosas contendo riffs saborosos, cortantes e crocantes propulsados por hidrogênio líquido. 

Com letras ousadas, repletas de um corrosivo senso de humor, a musicalidade da banda se faz incisiva. É claro que a peça central, como sempre, é a incrível energia floreadora e o vocal ensandecido de Tony Foresta, além dos coros polifônicos ameaçadores gritados coletivamente que disparam sob riffs selvagens e solos ímpios, sintonizados quase que telepaticamente, de Nick Poulos e Ryan Waste, enquanto a bateria caótica e vertiginosa de Dave Witte e as linhas de baixo sujas e graves de Land Phil dão ao som da banda urgência e profundidade. 

Mesmo com uma ausência prolongada e um novo membro, a banda não perdeu o passo, sua sonoridade continua sendo uma barragem impenetrável e anárquica, contendo em suas canções mensagens carregadas, simples, mas brutais, hilariantemente violentas e diretas, como sempre foram.

A faixa de abertura, "Breathe Grease" torna-se a introdução perfeita, com guitarras zumbindo de todos os lados a caminho de uma seção rítmica ligeiramente mais lenta e igualmente agressiva. 
É aqui que a banda ratifica toda sua habilidade por fazer malabarismos entre estilos, misturando a agressão bruta do Punk e do Hardcore com a infecciosidade do Thrash, deixando perplexos ouvidos menos treinados.

“Dingy Situations” é atroz e se encaixa com a trilha de abertura, descreve os elementos da vida itinerante na estrada, aonde você acaba terminando em algum bar ou lugar desagradável sem saber direito como foi parar lá. Esta faixa é a primeira introdução à guitarra principal de Nick Poulos, com um solo ardente e alguns riffs carnudos.


As melhores canções estão espalhadas ao longo do registro, elas vão e vem em um piscar de olhos. 

"Shrednecks" é uma melodia incrivelmente primitiva que se debate de forma brutal e é ainda mais gratificante devido à sua franqueza, ligeiramente mais lenta, acrescenta uma boa mudança de ritmo, chegando gradualmente a conclusão apropriada. 

Enquanto isso, "Poison the Preacher" não se sentiria fora de lugar em 'The Art of Partying', lidera o caminho com um riff complicado e maligno. 

"Bourbon Discipline" anti-hino do álbum, o vocal de Tony Foresta soa como o rosnado irritado de um cão enfurecido, abraçado por uma seção rítmica mais melódica, adicionando ao arsenal banda, com tradicional poder de fogo, novas habilidades.

“Parole Violators” possui um senso de humor escrachado, com a participação de Vinnie Stigma (Agnostic Front) na qual assume ironicamente o papel de um policial dando uma dura em Ryan Waste. 

A faixa-título "Slime and Punishment" possui uma pegada groovy acompanhada de uma seção rítmica pisoteante, aliada a um solo  melódico agradável e um riff principal aditivo que cria a base para os potentes coros de gangue, o vocal de Tony Foresta soa ainda mais pungente, o que é no mínimo impressionante. 

"Low Tolerance" segundo Ryan Waste, é a primeira faixa em que todos os membros ajudaram a escrever coletivamente.

“Excessive Celebration” e “Under the Waste Command” se originam da influência do Hardcore/Punk oitentista a qual atraiu a banda com tanta força ao longo de sua carreira. 
Enquanto "Excessive Celebration" e a instrumental "Under the Waste Command", mantém um nível respeitável de insanidade. 

"Think Fast" não é nenhuma balada, mas, definitivamente, tem um tempo mais lento do que a maioria das músicas do álbum funciona como um "limpador de paleta" de áudio, num álbum carregado de faixas urgentes. 


Embora eu não considere esse registro como seu melhor trabalho, o Municipal Waste gerou possivelmente seu melhor conjunto de músicas desde o clássico de 2007 "The Art of Partying".

"Slime e Punishment" deixa claro que a banda domina as fórmulas tradicionais do Crossover/Thrash de forma dogmática injetando a mistura uma boa dose de audácia.
Sem dúvida um registro rápido, ruidoso e grosseiro, repleto de senso de humor, aliado a vocais energeticamente ameaçadores, coros polifônicos incondicionais, riffs angulares perversamente cativantes, solos infernalmente impiedosos e ritmos vitais e refrescantes que satisfazem e inclinam o ouvinte a banguear até quebrar o pescoço. 

Nota: 8,8

*Nota do site The Metal Club: 8.34

Formação: 

Tony Foresta (vocal)
Ryan Waste (guitarra e backing vocals)
Nick Poulos (guitarra)
Land Phil (baixo e backing vocals)
Dave Witte (bateria)

Faixas: 

01. Breathe Grease
02. Enjoy the Night
03. Dingy Situations
04. Shrednecks
05. Poison the Preacher
06. Bourbon Discipline
07. Parole Violators
08. Slime and Punishment
09. Amateur Sketch
10. Excessive Celebration
11. Low Tolerance
12. Under the Waste Command (instrumental)
13. Death Proof
14. Think Fast

Redigido por Claudio Santos

*A nota do site The Metal Club é sujeita a modificações de acordo com as avaliações dos seus usuários. Acesse, avalie e veja se sua nota bate com a nossa: The Metal Club

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