Alestorm - "No Grave But Sea" (2017)

Napalm Records

Mundo Metal [ Lançamento ] 



Imagine-se, você está parado na popa de um navio antigo e em pleno mar aberto, o vento gélido e salino corta sua pele, o cheiro do mar impregna suas roupas, você olha para sua esquerda e vê um vasto oceano, olha a sua direita e vê pequenas formações rochosas longínquas. Ao olhar à frente, vê sua tripulação trabalhando incessantemente, homens correndo e limpando o convés, outros estão reparando estragos causados por alguma batalha marítima recente. Eis que você avista ao longe um outro navio, este, com velas de alguma companhia mercante conhecida, e rapidamente brada: "Soltem as velas seus cães sarnentos! A toda força!". É então que a temível bandeira pirata finalmente é hasteada. E como sempre acontece ao avistarem a bandeira, os corações que antes palpitavam, agora congelam e oram por suas vidas. Para você, é um prazer saquear, melhor ainda quando não existem sobreviventes. Ao fim de seu trabalho, sua tripulação e você atracam no primeiro porto, e gastam seu saque em rum, mulheres, diversão e música... 

Agora pergunto, o que mais combina com pirataria? É claro que o novo álbum do Alestorm! Esses “verdadeiros” piratas liderados por Christopher Bowes (vocal e teclado), são conhecidos por seus clipes bem humorados, além do som pesado e envolvente. Tal afirmação jamais soa mentirosa neste novo disco do quinteto escocês, intitulado "No Grave But The Sea", o álbum repete a fórmula dos trabalhos anteriores e apresenta um Folk/Power Metal muito característico e grudento, com passagens mais pesadas e trabalhadas. 

Tudo isso é observado na faixa-título que abre a audição, a canção apresenta uma base pesada, com o baixo de Gareth Murdock apenas marcando território, e ao fundo, as famosas trombetas Folk junto às linhas de teclado. Os vocais de Bowes são únicos e se encaixam com perfeição ao clima proposto. A próxima canção é "Mexico", a mais animada do disco e já conhecida pelos fãs,  como dito, após saques, batalhas e afins, todo pirata precisa se divertir e um local apropriado para isso é como este descrito na letra: "As prostitutas são abundantes, o álcool é de graça, a festa dura a noite toda, o álcool é de graça!”. 

A terceira faixa é a belíssima "To The End Of The World", que segue os mesmos moldes da canção de abertura, porém com mais pompa. Em seus mais de seis minutos de duração, temos peso, personalidade e um refrão grudento. É legal constatar que nesse álbum a banda está se utilizando de novas abordagens, como alguns vocais mais rasgados à cargo de Elliot Vernon, o tecladista. Antesm eles apareciam em pequenos trechos, mas agora aparecem em duetos com Bowes durante todo o disco.


"Alestorm" foi disponibilizada antes do lançamento do álbum, possui um videoclipe no mínimo louco e representa muito bem a mensagem cultivada pelo quinteto escocês.  A canção é caracterizada por aquele instrumental pesado e vocal bem direto, mas que consegue te fazer sorrir e cantarolar o refrão: "Rum, beer, quests and mead/ These are the things that a pirate needs/ Raise the flag and let's set sail/ Under the sign of the storm of ale". Acertaram em cheio, esta composição é mais do que adequada para receber o nome da banda.

Apesar de até agora não saber pronunciar o nome da próxima faixa, garanto que se trata de outro grande acerto. "Bar ünd Imbiss" lembra as famosas músicas entoadas em tavernas, onde os piratas, todos devidamente embriagados, cantarolavam um monte de baboseiras à plenos pulmões. Aliás, a letra desta faixa é totalmente hilária e sem sentido, conta um episódio ocorrido em uma das viagens quando os piratas estavam com vontade de tomar cerveja, entraram em um bar e a partir daí, a história vira uma tremenda zona. Vale a pena conferir. A próxima faixa é a engraçada "Fucked With An Anchor", só pelo nome já dispensa apresentações, somente ouvindo e acompanhando a letra para entender. 

Novamente, Bowes e cia mandam muito bem ao repetir a fórmula já clássica da banda em "Pegleg Potion". Com um começo bem acelerado, possui variações rítmicas bem interessantes e como em quase todas as músicas do disco, é dona de um refrão que gruda igual chiclete. "Man The Pumps" é a mais cadenciada, mas é longe de ser cansativa, talvez a mais normal e a que menos empolga, porém como todas as músicas do Alestorm, possui uma temática forte. Em "Rage Of The Pentahook", toda a energia característica da banda volta à ativa e aqui temos uma faixa bem agitada, com uma base simples, mas bem executada e com cortes de tempos no momento certo. Talvez, essa seja a faixa onde o baterista Peter Alcom apareça mais, visto que em outras canções existe menos visibilidade da bateria, salvo algumas passagens.

Para finalizar esta empreitada pirata através dos sete mares, que tal uma viagem até a ilha do tesouro? "Treasure Island" é a faixa contundente desse disco, que conta com um instrumental de peso, com vários riffs bem construídos e variações de tempo muito bem feitas. Apesar de possuir grande parte de sua composição em uma estrutura cadenciada, a faixa agrada muito por ter muitas passagens inspiradas, além disso, é dona do melhor solo do registro.


Apesar de ser um disco sem muitas surpresas, "No Grave But The Sea" segue fielmente a sonoridade e os temas usados em seus trabalhos antecessores, mantém a qualidade existente na discografia do grupo, sendo este fator um ponto a mais para os piratas do século XXI e, portanto, nos deixando com sede de novas aventuras dentro deste navio pra lá de animado e conduzido por Bowes e sua tripulação insana.

“Yarr ahoy!”


Nota: 8.2

*Nota do site The Metal Club: 8.72

Formação:

Christopher Bowes (vocal)
Gareth Murdock (baixo)
Peter Alcorn (bateria)
Elliot Vernon (teclado)
Máté Bodor (guitarra)

Faixas:

1. No Grave But The Sea
2. Mexico
3. To the End of the World
4. Alestorm
5. Bar ünd Imbiss
6. Fucked with an Anchor
7. Pegleg Potion 
8. Man the Pumps
9. Rage of the Pentahook
10. Treasure Island

Redigido por Yurian “Dollynho” Paiva

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