Lançamento: Grim Reaper - "Walking In The Shadows" (2016)


Ah, Grim Reaper. Uma das mais lendárias (e melhores) bandas do movimento NWOBHM e do Heavy Metal em geral. Fundada em 1979 pelo guitarrista e principal músico Nick Bowcott, o grupo lançou três álbums nos anos 1980 considerados clássicos absolutos que são, na minha opinião, mandatórios em qualquer coleção que se preze (você, troozinho da internet, levanta essa bunda da cadeira e vai comprar esses plays): See You in Hell (1983), Fear no Evil (1985) e Rock You to Hell (1987). Mas foi só depois do grupo debandar, em 1988 – quando videoclipes para “See You in Hell” e “Fear no Evil” apareciam na MTV com uma certa frequência – que o Grim Reaper ganhou uma certa notoriedade. Então, com uma discografia minima, Steve Grimmett e companhia se tornaram ícones da cena underground e são, até hoje, extremamente respeitados e enaltecidos (por mim, inclusive). Quando Grimmett anunciou o retorno da banda em 2006, repaginada com o nome de Steve Grimmet’s Grim Reaper, para tocar em alguns festivais de verão e shows na Europa, uma legião de fãs ficou molhadinha de excitação esperando pra ver se esse retorno seria apenas uma reunião ou se seríamos agraciados com mais um play do mestre gordinho e sua trupe. Finalmente, após 10 anos de sua ressurreição, o Grim Reaper entra em campo com Walking in the Shadows no próximo dia 23/09 via Dissonance Productions; infelizmente, sem o mestre foderoso Nick Bowcott.

O álbum se inicia com “Wings of Angels”, cheia de ‘groove’, riffs pesados e bateria poderosa. Apesar do refrão bem simples, a música consegue manter você ligado e não deixa a peteca cair em nenhum momento. Imediatamente após, porém, vêm as faixas mais fracas do álbum com “Walking in the Shadows”, “Reach Out” e “I’m Coming for You”. São até decentes e cada uma tem suas particularidades, mas depois de algumas audições fica claro que a banda estava com medo de tentar algo mais incisivo. Basicamente faixas mid-pace com linhas de guitarra bem rock ‘n’ roll e refrãos divertidos mas um tanto vazios, elas conseguem entregar uma boa dose de diversão, mas são facilmente esquecíveis. A poderosa “From Hell” segue e levanta os espíritos com uma excelente performance de Grimmett – cuja voz dura muito bem até hoje, obrigado – e uma ótima vibração estilo Saxon na forma de riffs pesados e bastante atitude.


Lembra daquelas três faixas que diminuem um pouco a qualidade do álbum? Aqui temos o oposto. Um trio de canções que são, definitivamente, o ponto alto do trabalho: “Call Me in the Morning” e “Rock Will Never Die” são o mais perto que chegaremos do antigo Grim Reaper, com refrãos matadores, boas viradas e solos mais sexy que sua irmã, combinando perfeitamente com o feeling de cada música. Alías, “Rock Will Never Die” é quase uma mistura entre a outra banda de Grimmett (que foi sua principal por um bom tempo), Lionsheart, com uma orientação mais Hard Rock em alguns versos e na ponte para o refrão, e o bom e velho Grim Reaper. Última da trinca, “Temptation” é uma das faixas mais rápidas do álbum e entrega mais uma vez uma puta performance de Grimmett, além de competente apoio dos outros músicos; facilmente uma das melhores músicas do play.

A partir daqui temos faixas decentes, mas nada que se destaque. “Thunder” acalma um pouco os ânimos e se oferece como uma faixa bem característica da NWOBHM em uma atmosfera mais amena e direta e mais um refrão grudento, mas simples. De fato, todos os refrãos contidos no trabalho são bem simples e fáceis de cantar junto, o que é ao mesmo tempo uma coisa boa - que te faz curtir o play sem maiores preocupações - e ruim, pela falta de profundidade e de passagens mais trabalhadas, elaboradas. “Now You See Me” tem uma pegada melódica e poderia facilmente figurar como canção do Lionsheart, enquanto “Blue Murder” e “Come Hell or High Water” são hinos mais Heavy Metal, com bela cozinha e solos prolíficos.

Da última vez que o Grim Reaper lançou um álbum, eu não tinha nem nascido. Foram 29 anos de espera, mas finalmente Walking in the Shadows esta entre nós e é um trabalho decente; obviamente não chega nem perto da trilogia transcedental que o antecedeu, mas é bem executado e certamente agradará muitos fãs, deixando outros de sombrancelha levantada. Pense no Grim Reaper como aquela garota que era a mais gostosa, mais cheirosa e mais desejada do colégio, e agora é apenas uma mina meio estragada pela vida, que ainda tem aquela bundinha que fez sua fama mas mostra os efeitos da gravidade e do tempo. Por isso, não espere um outro clássico aqui, senão vai se desapontar; veja o álbum como um lançamento normal para o gênero e não um retorno triunfal, e você vai conseguir se divertir bastante.

Nota: 7



Integrantes:
Steve Grimmett (vocal)
Ian Nash (guitarra)
Chaz Grimaldi (baixo)
Paul White (bateria)

Faixas:
01. Wings Of Angels
02. Walking In The Shadows
03. Reach Out
04. I'm Coming For You
05. From Hell
06. Call Me In The Morning
07. Rock Will Never Die
08. Temptation
09. Thunder
10. Now You See Me
11. Blue Murder
12. Come Hell Or High Water

Por Bruno Medeiros

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